domingo, 7 de novembro de 2010

RESENHA: PEÇA TEATRAL FERMENTO




Fica em cartaz até o próximo domingo (14 de novembro) a peça “Fermento”. Dirigida por Celeste Antunes, conta com a atuação dos jovens Pedro Bolo Catellani e Teresa Moura Neves, entre outros convidados especiais.

A peça conta a história de um casal, do momento em que se conhecem até quando decidem se separar. Até aí, nada de novo, ou nada que não tenha sido dito antes; porém, a peça supera clichês e lugares-comuns. Se foca em pequenos detalhes; naqueles momentos que parecemos não nos dar conta, mas que nos marcam. Dá atenção à tudo aquilo que sentimos, mas que achamos que é tão pessoal que ninguém mais vai entender. Fala sobre amor, separação, mas – antes de qualquer coisa – fala também sobre crescer. E é ai que mora o grande trunfo da peça; na capacidade de falar sobre o crescimento e as boas-vindas à vida adulta, sob o ponto de vista um elenco e uma diretora que também estão crescendo e aprendendo a ser grande.

Tanto a diretora quanto os atores principais não tem mais do que seus vinte e poucos anos. É a primeira peça que Celeste dirige. O que poderia acarretar numa seqüência desastrosa, resultou em um gracioso quebra-cabeça, composto por cenas pequenas e belas, marcadas por uma simplicidade e cuidado que prendem a atenção da platéia. É uma peça sem a pretensão e afetação que são marca registrada da maioria das inúmeras peças que vemos por ai. Uma composição de fatos cotidianos imperfeitos, de frases que a gente pensa, mas não diz.

Além disso, o cenário da peça é tão cuidadoso quando seu roteiro. O grande destaque vai para uma TV que projeta vídeos ao longo da peça. A TV está tão presente na mise-en-scène que é quase como um ator da peça, que em algumas horas interpreta um aquário; em outras, faz às vezes de um espelho, chegando também a fazer o papel da memória de cada um dos personagens.

“Fermento” é uma peça imperfeita e simples. É também complicada e se prende aos pequenos detalhes. Fala sobre temas universais, mas também sobre tudo aquilo que cada um de nós tem de mais particular. Em suma, “Fermento” é tão humana quanto cada um de nós. E é por isso que merece ser vista.

Fermento – Em cartaz no Espaço Crisamtempo (Rua Fidalga, 521, Vila Madalena) – dias 12 e 13 de dezembro às 21h; dia 14, às 19h. Entrada: R$ 10,00.


Por Tainá Mühringer Tokitaka
4ccm

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