Vilém Flusser, em seu texto “A urgência de uma filosofia da fotografia”, aprofunda o conceito da máquina fotográfica como modelo de caixa preta, que se aplica a todos os aparelhos. Conceito amplamente trabalhado em seu livro “Filosofia da caixa preta” (o texto aqui discutido é capítulo integrante deste), implica a ideia de que todo aparelho implica “automação e jogo”.
Isto significa que todo aparelho possui um programa, que precisa ser decodificado, compreendido por aquele que o manuseia, para que este seja branqueado; torne-se passível de compreensão e manipulação, indo além de um uso passivo e automático.
Neste texto, o autor tenta expressar a necessidade de uma filosofia da fotografia, afim de que os mecanismos operantes sejam decodificados, e o fotógrafo possa não mais à mercê do aparelho, mas sim livre; que aprenda a jogar contra o aparelho.
Flusser alerta-nos para as condições pós-históricas nas quais a fotografia deve ser analisada. Ela, ao tornar-se modelo, modifica as condições de sua existência. A partir da fotografia, o próprio pensamento humano passa a operar em uma condição pós-histórica. Nas palavras de Flusser; “estamos pensando como pensam os computadores”. Informaticamente, imageticamente, não linearmente.
Flusser crê que há, conforme comentado anteriormente, uma possibilidade de liberdade do fotógrafo em relação à fotografia. Afirma que o aparelho pode ser enganado e seu programa, modificado; que a intenção da máquina pode subordinar-se a intenção humana. Em resumo, que é possível enganar o aparelho.
Porém, uma vez que o próprio pensamento humano opera conforme o aparelho fotográfico, estaremos sempre subordinados à sua estrutura. Assim, por mais que possamos branquear a caixa e compreender seus mecanismos de funcionamento, nunca poderemos deixar de nos subordinar a esta. Enganar o aparelho, em última instância, significa enganar a nós mesmos.
Concordo com quem disse; “ser livre é saber o que te prende”.
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